9.4.10

...era uma vez uma menina...




Cheia de brinquedos e rodeada de mimos. Quarto cor de rosa, cortinas de seda, sapatos de camurça...tule...muito tule. Da janela um jardim enorme. Margaridas, Rosas e Tulipas. Sol naquela pele branca...de fundo rosa. Brincava com bonecas com uma delicadeza da qual se poderia esculpir a mais frágil escultura sem nem um trinco causar e depois, com as mesmas mãos macias e aveludadas, acarinhava Dotty, de latido baixo e fino...igualmente suave. . . Atrevido, Dotty escapou do jardim. A menina, então, pela primeira vez correu até sentir um toque salubre que lhe escorria a face. Correu mais ainda, até que lhe faltasse ar e o cansaço a fizesse parar. Parou. E Sorriu. Gargalhou. Chorou. Viu nos pés uma mistura da terra de que tanto a mãe lhe protegeu e da água da chuva, cujo som embalou tantas e tantas brincadeiras de boneca. Gostou mais da sensação do que uma vez achara ter gostado do som apenas... sem imagem, nem textura. E gostou do cheiro. Da cor. Da lambança. E virou moleca, a menina. E decidiu que moleca seria.