18.11.11

thirty something women

Vou entrevistar minha mãe.

 É.

 Na próxima vez em que nos encontrarmos.

Preciso desesperadamente conversar com ela sobre a minha infância. Digo, sobre a época em que eu era uma criancinha adorável e ela era a minha mãe e, pelo menos para mim, só isso. Queria saber se isso acontece com todas vocês ou se é coisa minha apenas. Lembro-me da minha mãe assim, bem mãe mesmo, como é hoje ou com diferenças muito sutis.

Dia desses me peguei pensando, e não foi a primeira vez, no quanto acredito estar vivendo meus trinta e poucos anos de maneira diferente do modelo que tinha em mente. Primeiro que, aos 8 anos, quando pensava no tão esperado ano 2000, eu ‘realizava’ que naquele ano eu teria exatos 23 e aquilo me colocava em pânico, como se após os 20 a vida já tivesse sido todo o possível, algo perto do fim. Coisa de menina, acho.  Além disso, por mais que soe egoísta, pouco me recordo do que minha mãe fazia quando tinha a minha idade ou perto disso. Qual era a dela, sabe?

As nossas mães de trintas e quarentas divertiam-se em cursos de culinária e agendando e organizando jantares - e a minha mãe era ótima nisso. Acompanhavam-nos em cursos e nos eventos da escola. Eram conhecidas entre os professores e acompanhavam de perto o nosso desenvolvimento e rotina escolares. Talvez por isso tenhamos crescido tão brilhantes e bem sucedidas.

Mas, como se divertiam? Brincavam conosco no parque e na piscina. Faziam castelos na praia e nos deixavam brincar de cozinhar. Até fingiam não saber que usávamos suas roupas e acessórios em nossas brincadeiras quando não estavam em casa.

E por elas? O que faziam de divertido entre elas? Aquelas mulheres de 30 e tantos anos, tão sérias e comprometidas com sua família e, já não era raro, trabalho. Sérias. É isso. É assim que me lembro. Intocáveis, de certa forma. Eram lindas. Sem progressiva ou drenagem semanal.

E não era a minha mãe. Eram as mães. Ah, lembro-me de que todas eram mães. Senhoras causadoras do sucesso da família. Pareciam fazer a casa funcionar como em um toque de mágica. Maduras e responsáveis. Como as imaginaríamos saltando de pára-quedas ou fazendo cursos de strip tease? Nunca.

Tipo, na boa, a sensação é a de que não cresci.

Nunca chegarei lá.

Será?

Isso porque nós, mulheres de trinta e poucos anos de hoje, decidimos viver a vida com uma deliciosa e saudável pitada de Síndrome de Peter Pan. Estou errada? Olhe pra você. Você tem uma carga semanal inimaginável de trabalho, mas tira a quarta à noite para sair com “as meninas”.  Segura a onda com as contas, mas tem sempre uma lingerie surpresa pra adoçar sua vida com o cara de tantos e tantos anos de hoje. Impossível comparecer a todas as reuniões e apresentações da escola, mas sentar no chão da livraria, fazendo vozes pra dar realidade aos contos que divertem vocês dois igualmente é um prazer de que não abre mão. Você veste rosa e usa  tiara de lacinho no cabelo e sua apresentação sobre aquele novo projeto no trabalho é, ainda assim, um sucesso. Incrível como sabe muito mais sobre dinossauros do que em qualquer véspera de prova de ciências no passado. Você lambe a tampinha do iogurte. Anda de patins no parque e lê livros sobre estórias que gostaria que acontecessem. Curte os games do celular e, sem fazer segredo, mantém sempre a gaveta do criado mudo munida de papel e lápis de cor.

Você desenha com giz de cera no box durante o banho. E pode ser que nem filhos tenha. Dá um jeito de jogar frescobol com os sobrinhos na praia e diz que o DSi faz parte de uma pesquisa para aproximá-la de seus alunos. Adora o McQueen e ainda acredita que é a cara da She-Ra. Contagiantes suas gargalhadas de satisfação ao rolar na grama na chuva, mesmo que tenha que refazer a escova.

Faz careta e dá língua pro colega de trabalho que acha um absurdo trocar o almoço pela unha. Você tem suas prioridades, ora.

Essa conversa passa longe de querer criticar o que foram ou o que somos. Eis aqui apenas uma celebração a mudanças. Uma homenagem àquelas mulheres que mudaram nossas vidas e nos transformaram no que somos. Um brinde a nós, que encontramos jeitinhos de transformar o que há de se viver no que há de se curtir.

Às Meninas de trinta e poucos anos.  

9.11.11

Apaixonite

O que é preciso para que uma mulher se apaixone?

Dia desses li algo parecido com “não nos apaixonamos pelo que o outro é, mas pelo que ele nos faz sentir”. Confuso, né? 
Já parou pra pensar nisso? O que a paixão envolve? Seria mesmo complemento e troca ou simples satisfação de seus desejos e vazios? Se amássemos somente pelo que as pessoas são, buscaríamos a perfeição sempre. E, se você acha que é a perfeição o que você procura, pense no último mocinho perfeito que você conheceu. Aquele que se aproximou na balada, te fez dançar a noite toda com sorriso largo na boca e depois te levou à porta do carro e esperou você sair.
Chegando em casa, você recebeu: “Chegou bem? Durma com os anjos.” “Gracinha, ele.”Quase tão doce quanto a da manhã seguinte: “Bom dia. Como dormiu minha princesa?””Aiii, que sortuda...uhuuu”. Te ligou à uma e perguntou se topava ir a um churras com ele, mas você já devorava sua super mega salada pós balada e disse que não. “Ai que burra.” Mas ele nem desligou e disse que te ligaria mais tarde pra ver se rolava filminho e bar a noite.

Lembra que, depois disso, você desligou o celular e até pensou: “que fofo, mas realmente preciso dormir hoje.” No fim do terceiro dia, fingiu tristeza e disse: “ai, porque não aparece ninguém legal par mim?”. Afinal, você só não respondeu as mil mensagens açucaradas diárias porque estava, realmente, muito ocupada. É, porque tempo mesmo você só teve pro Rafa,  com quem trocou números de celular mas que não conseguia encontrar o aparelho dele pra te dar um oizinho depois de uma balada mais animadinha na sexta à noite. Incrível como ele ficava esquecinho no sábado e domingo e se lembrava de você na terça à noite, quando queria ... colocar a relação de vocês em...hm, ordem. “Um fofo”? Não, "um Gato!"

Às vezes me pergunto se nos empolgamos pela paixão ou apenas pela possibilidade dela acontecer. Seria o concreto acessível demais e, por isso, desinteressante? Sejamos francas. Quando vemos nossas amigas reclamando da solidão, sempre nos pegamos dizendo algo do tipo: “Mas quando o Jacaré te ligou, você não atendeu." Ou “Por que terminou com o Thião? Só porque pegava no seu pé e queria te ver todo dia?”

E aí, as justificativas eram sempre bem argumentativas e fundadas:

“A gente não tinha muito em comum.”

“A irmã dele ficava ligando o tempo todo.”

“Ele nem sabia quem era a Amy.”

“A mãe dele mandava pão de queijo demais. Eu estava engordando.”

E, a top hit, “ele é grudento e bonzinho demais” que, na verdade, poderia substituir todas as outras facilmente, sem alterar o sentido.

 Assim, pergunte-se o que realmente procura, antes de destruir o coração de um bonzinho cheio de boa intenção.

Hahahaha... tá bom vai, essa foi boa. Quase te convenci.

2.11.11

Right here. Right now.

E foi assim que resolvi voltar. Depois de 11 meses de mudança, amigos pacientes, dois empregos diferentes, um analista brasiliense, rapazes que nunca são daqui e muita, muita saudade daquela vida. Da comida, da dança, do trabalho, dos rapazes, da chefe, dos colegas, dos vizinhos, do Centro e da Mãe de Santo. Da Wal e do Peroba – que fofo o Peroba. Do povo. Aaah, as pessoas que deixei por lá.

E,  mesmo sem querer mais fazer desse espaço uma pedra de confissão e divisão de segredos, sei que voltei porque, faz tempo, venho sentindo uma vontade enlouquecedora de admitir que sou, sim, FELIZ nesse lugar. Dizer que olho no espelho e vejo um brilho que reflete o quanto uma decisão ‘errada’ me mudou e o quanto mando cada vez mais nas conseqüências disso. Controlando ou completamente descontrolando meus atos assim, tipo só eu mesma.
Plantando e colhendo. Celebrando e me ferrando. Mudando.

Sempre ouvi dizer que a vida real era assim e, de repente, aqui estou eu, em todo gozo de minhas dúvidas e “certas incertezas”... Vivendo.

É estranhamente delicioso o simples dormir e acordar. Sem pensar. Café , banho, MENINO e trabalho, contas. Casa, balada, pessoas, trânsito – rsrsrs pois é, por aqui também tem.
Vejo o analista rir de mim. Divertido, pior.

E é  isso. É com isso que me preocupo. Trabalhar pra pagar. Pagar pra usar. Usar pra ARRASAR. E estou até aprendendo a guardar.

Choro, fico P da vida, grito sim. Claro. Você não?

Dou risada, faço burrada, fico embaraçada. Você?

Paquero, abro caminho, dou uma mancada...hahaha....

Sou EU, gente!

Eu cheia de novos planos. Pra amanhã, que sejam. Não vou transformar minha vida de um dia para o outro. Mas O AGORA terá, SIM Senhoras e Senhores, que ser MUITO BOM.

20.7.11

... all of mine ...




Que “o ser humano não é uma ilha”, todo mundo sabe. Que precisamos, em geral, do convívio com outras pessoas, interagindo, trocando idéias, concordando e discutindo, também não é novidade. Acontece que algumas pessoas são mais abençoadas do que outras no quesito qualidade do convívio. Se o simples fato de ter alguém que te ouça, com quem possa conversar, de quem possa discordar e com quem aprender, mesmo que no tapa...se isso já nos torna pessoas melhores, ou nos faz sentir mais amados, imagina o que é ter um elenco de Primeira Grandeza como AMIGOS.

Pessoas fracas e fortes. Mais e menos bonitas. Sofisticadas ou casuais. Fresquinhas como você ou terrivelmente incomodadas com sua “superficialidade”, mas que não disfarçam admiração ...Todas cheias de problemas, dúvidas e medos. Umas que ligam sempre. Outras que perseguem através de text messaging. As que cuidam de você no MSN. As que amam seus filhos quase tanto quanto você. As que são pau pra toda obra. As que choram com você. As que ligam pra dar bronca...e só pra isso. As que estão perto. As muuuitas que estão longe, mas que estão bem aqui. Teachers, contadores, da informática, economistas, chefs, donos de empresa, arquitetas, fisioterapeutas, donas de casa, os descolados do marketing, advogadas, gerentes, diretoras, doutoras, concursadas, as de RH, desempregadas, ofchans, pilotos ... Brasília, São Paulo, Salvador, Riachão, Curitiba, Brumado, Fortaleza, Barcelona, Roma.

As que já estiveram longe e hoje voltam a ser parte do aqui, desse momento.

As que ontem estavam por perto e hoje são protagonistas das fugas da realidade.

Amigos.

(an adaptation of http://thewworld.posterous.com/ October 25th, 2009)

3.7.11

Felicidade GG



Ser FELIZ nunca foi uma meta tão intensamente almejada. Tarefa tão complicada de ser ‘realizada’. Em família, na vida profissional, no grupo, em casa e, até mesmo, na vida religiosa – que felizmente voltou a ser ‘moda’ na “nossa geração”- precisa-se ‘viver intensamente’ o tempo inteiro. Todo e qualquer papel.

Para tanto, “executar” da melhor forma possível não é mais suficiente. Há de se fazer tudo da melhor forma que há, ou não faz sentido fazê-lo. A super mãe se sente péssima por não poder dar ao filho o último lançamento em vídeo games. A presidente da empresa se culpa por perder as apresentações da escola. A diretora de marketing não consegue imaginar o papel de mãe encaixando-se em sua rotina e, por isso, sofre...nunca conseguirá realizar o sonho da mãe de ser avó. Não adianta ser a amiga das horas difíceis, a que quebra todos os galhos e segura a onda da turma...se não estiver presente nos chás de bebê, “nem como amiga eu sirvo”.

Não adianta ser magra se o cabelo não for liso; ter um super emprego se ainda não tiver conseguido comprar o 'apê' pra morar sozinha; falar inglês se não “conhece o exterior”; ser bem casada se não tem filhos; ser linda e sexy se está sozinha; gostar de dançar se “não sabe” beber; comer sushi se não gostar de sashimi; ter mestrado se não for da federal; ser boa de cama se não souber cozinhar; saber se maquiar se não for MAC; ser mulher se não for amante; ser a melhor se não acreditar.

Então, se é pra ser assim, coma o sashimi e beba coca; tenha filhos e não se case; vá à Nova York e use a língua Mastercard; namore todos e não fique com nenhum; escolha trabalhar com o que ama fazer; saia de cara limpa, seja linda de filtro solar; compre outro par de sapatos, ou use o mesmo do verão passado; mime seu cachorro; use 40 e pouco...ou muito; realce os cachos e deixe a calça baixa mostrar suas curvas.

Seja mãe e amante, veja como será harmonioso.

Ganhe bem e não tenha vergonha disso. Compre o que quiser e, mesmo que não consiga comprar a felicidade, lute por ela.

Tenha medo e chore diante do desafio. Depois o vença.

Coma chocolate e corra atrás do seu cachorrinho no parque. Ninguém merece se matar na academia sem poder suar e parecer cansada.

Seja imperfeita. Erre. Procure ajuda, se precisar. Corrija.

Faça da imperfeição o seu charme. Seja você e baste pra você mesma. O ‘outro’ sobreviverá a isso...

... não, but Who cares?

1.6.11

Cidinha




Tonhão levantou cedo, jogou água fria no rosto, tomou café quente e fresco e saiu pra trabalhar. Ônibus lotado. Trocou palavras e risadas com Thiago, que pegava o mesmo carro que ele todos os dias. Saltou dois quarteirões antes do ponto da firma, pois havia exagerado no aperitivo na noite anterior: Fla x Flu na TV, amigos reunidos, mulheres e risadas na cozinha ... quartas são assim. Bateu o ponto e foi direto pro seu setor. Logo ligou suas máquinas e colocou os fones novos que Cidinha lhe dera fazia uma semana. O som de sua estação preferida logo abafou a poluição sonora produzida por seu trabalho. Sorriu largo quando ouviu a Roberta dizer que Ela mexe com as cadeiras pra lá, Ela mexe com juízo do homem que vai trabalhar. Viu o chefe passar com cara de poucos amigos. Ele parecia esbravejar algo bem ruim enquanto seguia o coitado do Lucinho. Mas Tonhão gostou de ter a impressão de ter ouvido o chefe dizer que Todo mundo fica louco e o seu vizinho também. Suou, cansou, almoçou baião com carne seca ... hummm. Eh, Cidinha. Voltou às máquinas e suou mais ainda, dessa vez, ao som de Caminhando na ponta dos pés, Como quem pisa nos corações, Que rolaram nos cabarés. Nem viu o tempo voar e, de repente, estava no sofá, suado, tentando descobrir se a greve dos trens estava confirmada para o dia seguinte. Pegaria carona com o Zé, acordaria mais cedo. Banhou-se. Jantou sopa. Comeu goiabada cascão com queijo. Adorava aquilo. E adorava saber que Cidinha serviria sempre seu doce favorito após o jantar. Cidinha sorriu e desmontou Tonhão ao puxá-lo pelas mãos grandes e ásperas, como se o ordenasse que a tirasse dali e a amasse loucamente. Tonhão levantou, sorriu, baixou seu olhar na direção de Cidinha. Amou. Cidinha suou, gritou, aquietou, dormiu. Acordaria cedo no dia seguinte para preparar o café do seu Tonhão.

18.5.11

dor

Uma apunhalada no estômago. Como se uma mão tivesse adentrado seu corpo para não sair até que a última gota de resistência e vida fosse dali extraída. Sentiu gelar seu pescoço, queixo, boca. Achou que fosse perder os sentidos quando deixou sua cabeça cair sobre os joelhos e teve a sensação de ter o sangue voltando a circular. Assim que voltou a respirar normalmente, a visão voltou a sua mente. Cordas apertavam sua garganta, sangue parecia jorrar de seus olhos. A mandíbula travada. Sentiu um amargo transbordar de sua boca e nem tentou engolir o que o teria, talvez, feito desistir de uma vez. Tentou berrar como quem odeia o que ainda vê e odiou mais. Quis matar. Morrer. Explodiu. Desmoronou. Pediu. Implorou. De nada adiantou.

10.5.11

When you are not enough...is it worth it?

This text was written on October 4th, 2009 ... just felt like posting it again...

É muito comum ouvirmos pessoas que alegam estarem sozinhas porque ninguém as aceita como são. É a muito saidinha, a independente demais, a que não abre mão das noitadas, a que ama os amigos, a que prioriza a carreira, a pudica, a que nasceu assim e vai ser sempre assim. Dentre esse grande número existem, em quantidade não tão menor, aquelas que, em certo momento decidem mudar seu comportamento, ideologia ou "lifestyle" para, assim, conseguir agradar alguém e mover um passo em direção à felicidade a dois. Mas até onde vale a pena mudar por alguém que simplesmente não te aceita como você é? Quão especial é esse Ser que te faz lutar com todas as forças contra o que você tem como essência, simplesmente para tê-lo a seu lado? E quanto à estória de que "os opostos se atraem"? Por que não simplesmente assumir que ama o diferente e começar por aceitá-lo como é? É demais esperar isso de alguém a quem se quer tanto bem? Sim...porque, quando nos consideramos um problema que necessita correção ou solução, estamos considerando que o outro é alguém que vale muito a pena, e por quem seríamos capazes de abrir mão de um pouquinho de nós, para sermos mais aceitáveis, apresentáveis, amáveis ou, em alguns casos, toleráveis. Isso pode parecer meio egoísta, ou até mesmo soar como uma ponta de dor de cotovelo...pode sim, mas prefiro acreditar que, às vezes, temos sim que ser um pouco "sou mais eu" e mandar um "quem não me ama, não me merece". Uma figura cujo o nome vale muito mais do que qualquer palavra que eu ouse dizer sobre esse assunto disse que "entre as diversas formas de mendicância, a mais humilhante é a do amor implorado." E quem sou eu para dizer o contrário? Bju e boa noite...

27.4.11

Ato falho.



É que aqui no Planalto, é assim que se faz. Não que eu esteja reclamando, mas que tem de ser dito, isso tem: A lixa de pé é só em casa. O entregador de pizza o faz a você quase sentadinha no sofá, assim, numa super intimidade. “Não, mãe. Nem tem salinha nesse restaurante.” O café pós-balada fica pra outro dia, pois, como é a cidade em que se governa, a noite, também, acaba em pizza. A balada é boite e o lance é banda de rock. Mas há samba pra quem tem fogo no quadril, no Planalto. O ponto é parada, o vaso, aparelho e, por aqui, ninguém marca, anota. Beijos sempre. 2, 3, e mais... a noite toda, se quiser. Mas vamos dizer que, aqui , as pessoas saem realmente para se divertir. Azaração é coisa pouca. Interessante. rs. O trânsito flui. O céu é AZUL. O plano ainda está verdinho e o parque é sempre logo ali. O restaurante é à beira do lago. A boite tem sinuca. E o gatinho interessante na noite sempre menciona a Unb. A música é boa e própria, o Shopping ainda tem estacionamento aberto, o teatro, sempre cheio, o vinho, sempre bom, a Esplanada é nossa... Eu disse “nossa”?

24.4.11

perspective...




Um dia Yasmin acordou e era apenas Rosa. Não mais ocupava o centro do jardim da casa central ou, sequer, atraía a atenção das crianças que ali brincavam. Em mesa de canto agora ficava, cercada por cravos que as costas lhe davam, pois sempre para a direção da janela apontavam. A brisa não mais sentia em suas pétalas, apesar da sensação gelada que ali havia, contrastando com o brilho do sol que lá fora sorria.

“Mas”, dizia ela a si mesmo, “ainda sou esguia. Brilho e suavidade ainda transbordam de minhas pétalas. Por mais que neguem os cravos, meu perfume ainda embriaga os que ao meu redor se encontram e o sol ainda vejo e dele me banho, mesmo que desse canto, que me dá, agora, diferente vista do lindo jardim, que ainda me encanta e ao qual sempre pertencerei.
Porque sou Yasmin, e rosa sempre serei.”

25.3.11

Uma estória emprestada



Joana acreditou em cada palavra dele. Estava ali para, desta vez, ficar.

Programou-se então para assumir sua condição e gritar a todos sua histeria em ter encontrado um novo amor, ou, ao menos, uma paixão avassaladora que a fazia, já há algum tempo, sentir-se viva novamente.

Pensou e repensou se era mesmo a hora e melhor forma de mandar por água abaixo tudo o que colhera em mais de duas décadas de um relacionamento que, um dia acreditara, seria para sempre.

Planejou e decidiu como seria o fechamento da estória. Pensou e repensou suas palavras com o cuidado de quem coleta pedras já pensando em seu processo de lapidação.

Pensou e repensou as reações de seu parceiro, destruído por dissabores que a própria vida já lhe proporcionara. Chorou. Reconsiderou. Sabia que seria difícil, mas valeria à pena. Tratava-se de sua libertação. A recompensa seria aquele novo amor. Seus dengos e ‘benefícios’.

Ouvira dizer, através de uma amiga recente, que a dor seria, sim, inevitável.
Dolorido, traumático, sem volta. Pensou e repensou...

Afinal, ela era mais do que merecedora daquela recompensa. Liberdade. Ele era louco por Joana. Perturbava-a dia e noite. Cobranças por comprometimento. Desejo de estar junto.

Ela teria sim, que livrar-se de seu passado para, finalmente, mergulhar naquela orgia de sentimentos e sensações que a nova aventura tanto prometia.

Não mais pensou. Tentou. Questionou. Precisava ter a certeza de que...

Aaaah, Joana.

Chorou. Descobriu o que, apesar de óbvio, ela mesma fizera questão de mascarar... A verdade.

Cafajeste. Esperto. Fraco. Pouco. Um merda.

Um outro dia, Joana. Uma outra estória e, sem dúvida, um novo começo.

20.3.11

Um post inho



Hoje me deu uma vontade louca de escrever. Na verdade, o que eu queria mesmo era ter podido gritar. Não sabia, no entanto, ao certo sobre o que seria o tal post. O que era pra ser escrito hoje. Esse aqui, acho eu.

Poderia ter escrito sobre a saudade do Pequeno quando ele vai ver o Pai. Ou sobre a preocupação com a Cruz acamada.

Falar da Flávia Caló essa semana daria pano pra manga. Comentários por email. Sucesso seria também publicar a resenha da vinda da Má ao Brazil...com todos os detalhes das conversas na chaise e no tapete de listras.

Pensei em falar do mocinho que, literalmente, me fará voaaaaaar...ainda mais...rsrs Mas é feio, ele. Gosto não. Gosto mesmo é de noites de casa cheia como as duas que aconteceram no final de semana. Gente linda, risadas, brindes...

Cogitei jogar purpurinas na vinda e discurso bem estudado do Obama, mas todo mundo já o fez no FB. Se ainda o tivesse feito antes da Maria da Luz... :-)

Quase falei da estranheza do que finge indiferença, mas preferi entender seus motivos. Sempre o faço...com todos; mas minha arrogante paciência não mais interessa a ninguém, muito menos a mim, que tanto tento exterminá-la, cansada de tanto engolir e esperar que se acalmem. Chega de sapos.

Poderia falar das confusões da Luluzinha, mas correria, assim, o risco de aumentar o ibope dela... disputa é disputa, Lu.

O encontro com ele não mais tem rendido rendas e laços e não seria sobre isso que, hoje, eu escreveria.

Parabéns para a Marina que é agora casadíssima. E para a Lora, que será a próxima.

Falar da saudade que sinto parece incomodar uns e outros. Afff...o lance é não sentir, então. É isso? Voltaria SIM. Amanhã, se pudesse. Mas não posso. PONTO.

Resolvi então não escrever mais, uma vez que o que eu queria postar aqui é, ainda, assunto proibido. Fica aí, então o rabisco. Só pra constar.

10.3.11

Aceitação




E se de inquietação e sufoco eu depender para viver? E se for essa agonia o que me move, o que me faz respirar? E se disso dependo eu para tirar a força, a pressão de que sempre precisei para fazer minha vida mover-se, realmente acontecer e fazer valer meus momentos?E se inútil for correr atrás dessa paz e quietude de que sempre fugi? Aonde chegarei se continuar nessa busca constante por tudo aquilo que tanto me feriu o ser e que me fez quase explodir de aflição por ver meus dias simplesmente começarem e terminarem, só passarem, em ritmo de tum-tum em quarta-feira de cinzas?
Não...isso não.

25.2.11

A Fazenda



Katerine sentou-se e olhou para o quadro com a pintura da velha fazenda onde morara até tão pouco tempo atrás. Sentiu então o cheiro do verde da grama em que crescera e onde rolara por tantas vezes aos domingos à tarde, depois do almoço com as crianças da fazenda ao lado. Lembrou-se de que, naquela época, achava estar rolando de tédio e inquietação, e deu-se conta de que, na verdade, rolava de prazer por estar ali, livre, vivendo de fazer nada e apenas vendo a vida acontecer. Viu, por trás da árvore no canto do quadro, o desenho dos animais de que tanto reclamara quando queria brincar com suas bonecas, mas a sujeira dos bichos não a permitia ali sentar-se com suas saias brancas e rodadas. Quis a menina nesse momento, sentar-se entre cavalos e pôneis. Só então se lembrou de ter visto pôneis ali. Ocorreu-lhe que sempre adorara pôneis e os tivera em desenhos da escola e na parede do quarto. Chorou Katerine ao lembrar-se, no entanto, de que pouco os tivera curtido, pois quando chegaram seus pôneis à fazenda, Katerine já do lugar se queixava e com a cidade sonhava. Tola Katerine. Katerine tola.