25.2.11

A Fazenda



Katerine sentou-se e olhou para o quadro com a pintura da velha fazenda onde morara até tão pouco tempo atrás. Sentiu então o cheiro do verde da grama em que crescera e onde rolara por tantas vezes aos domingos à tarde, depois do almoço com as crianças da fazenda ao lado. Lembrou-se de que, naquela época, achava estar rolando de tédio e inquietação, e deu-se conta de que, na verdade, rolava de prazer por estar ali, livre, vivendo de fazer nada e apenas vendo a vida acontecer. Viu, por trás da árvore no canto do quadro, o desenho dos animais de que tanto reclamara quando queria brincar com suas bonecas, mas a sujeira dos bichos não a permitia ali sentar-se com suas saias brancas e rodadas. Quis a menina nesse momento, sentar-se entre cavalos e pôneis. Só então se lembrou de ter visto pôneis ali. Ocorreu-lhe que sempre adorara pôneis e os tivera em desenhos da escola e na parede do quarto. Chorou Katerine ao lembrar-se, no entanto, de que pouco os tivera curtido, pois quando chegaram seus pôneis à fazenda, Katerine já do lugar se queixava e com a cidade sonhava. Tola Katerine. Katerine tola.