18.11.11

thirty something women

Vou entrevistar minha mãe.

 É.

 Na próxima vez em que nos encontrarmos.

Preciso desesperadamente conversar com ela sobre a minha infância. Digo, sobre a época em que eu era uma criancinha adorável e ela era a minha mãe e, pelo menos para mim, só isso. Queria saber se isso acontece com todas vocês ou se é coisa minha apenas. Lembro-me da minha mãe assim, bem mãe mesmo, como é hoje ou com diferenças muito sutis.

Dia desses me peguei pensando, e não foi a primeira vez, no quanto acredito estar vivendo meus trinta e poucos anos de maneira diferente do modelo que tinha em mente. Primeiro que, aos 8 anos, quando pensava no tão esperado ano 2000, eu ‘realizava’ que naquele ano eu teria exatos 23 e aquilo me colocava em pânico, como se após os 20 a vida já tivesse sido todo o possível, algo perto do fim. Coisa de menina, acho.  Além disso, por mais que soe egoísta, pouco me recordo do que minha mãe fazia quando tinha a minha idade ou perto disso. Qual era a dela, sabe?

As nossas mães de trintas e quarentas divertiam-se em cursos de culinária e agendando e organizando jantares - e a minha mãe era ótima nisso. Acompanhavam-nos em cursos e nos eventos da escola. Eram conhecidas entre os professores e acompanhavam de perto o nosso desenvolvimento e rotina escolares. Talvez por isso tenhamos crescido tão brilhantes e bem sucedidas.

Mas, como se divertiam? Brincavam conosco no parque e na piscina. Faziam castelos na praia e nos deixavam brincar de cozinhar. Até fingiam não saber que usávamos suas roupas e acessórios em nossas brincadeiras quando não estavam em casa.

E por elas? O que faziam de divertido entre elas? Aquelas mulheres de 30 e tantos anos, tão sérias e comprometidas com sua família e, já não era raro, trabalho. Sérias. É isso. É assim que me lembro. Intocáveis, de certa forma. Eram lindas. Sem progressiva ou drenagem semanal.

E não era a minha mãe. Eram as mães. Ah, lembro-me de que todas eram mães. Senhoras causadoras do sucesso da família. Pareciam fazer a casa funcionar como em um toque de mágica. Maduras e responsáveis. Como as imaginaríamos saltando de pára-quedas ou fazendo cursos de strip tease? Nunca.

Tipo, na boa, a sensação é a de que não cresci.

Nunca chegarei lá.

Será?

Isso porque nós, mulheres de trinta e poucos anos de hoje, decidimos viver a vida com uma deliciosa e saudável pitada de Síndrome de Peter Pan. Estou errada? Olhe pra você. Você tem uma carga semanal inimaginável de trabalho, mas tira a quarta à noite para sair com “as meninas”.  Segura a onda com as contas, mas tem sempre uma lingerie surpresa pra adoçar sua vida com o cara de tantos e tantos anos de hoje. Impossível comparecer a todas as reuniões e apresentações da escola, mas sentar no chão da livraria, fazendo vozes pra dar realidade aos contos que divertem vocês dois igualmente é um prazer de que não abre mão. Você veste rosa e usa  tiara de lacinho no cabelo e sua apresentação sobre aquele novo projeto no trabalho é, ainda assim, um sucesso. Incrível como sabe muito mais sobre dinossauros do que em qualquer véspera de prova de ciências no passado. Você lambe a tampinha do iogurte. Anda de patins no parque e lê livros sobre estórias que gostaria que acontecessem. Curte os games do celular e, sem fazer segredo, mantém sempre a gaveta do criado mudo munida de papel e lápis de cor.

Você desenha com giz de cera no box durante o banho. E pode ser que nem filhos tenha. Dá um jeito de jogar frescobol com os sobrinhos na praia e diz que o DSi faz parte de uma pesquisa para aproximá-la de seus alunos. Adora o McQueen e ainda acredita que é a cara da She-Ra. Contagiantes suas gargalhadas de satisfação ao rolar na grama na chuva, mesmo que tenha que refazer a escova.

Faz careta e dá língua pro colega de trabalho que acha um absurdo trocar o almoço pela unha. Você tem suas prioridades, ora.

Essa conversa passa longe de querer criticar o que foram ou o que somos. Eis aqui apenas uma celebração a mudanças. Uma homenagem àquelas mulheres que mudaram nossas vidas e nos transformaram no que somos. Um brinde a nós, que encontramos jeitinhos de transformar o que há de se viver no que há de se curtir.

Às Meninas de trinta e poucos anos.  

9.11.11

Apaixonite

O que é preciso para que uma mulher se apaixone?

Dia desses li algo parecido com “não nos apaixonamos pelo que o outro é, mas pelo que ele nos faz sentir”. Confuso, né? 
Já parou pra pensar nisso? O que a paixão envolve? Seria mesmo complemento e troca ou simples satisfação de seus desejos e vazios? Se amássemos somente pelo que as pessoas são, buscaríamos a perfeição sempre. E, se você acha que é a perfeição o que você procura, pense no último mocinho perfeito que você conheceu. Aquele que se aproximou na balada, te fez dançar a noite toda com sorriso largo na boca e depois te levou à porta do carro e esperou você sair.
Chegando em casa, você recebeu: “Chegou bem? Durma com os anjos.” “Gracinha, ele.”Quase tão doce quanto a da manhã seguinte: “Bom dia. Como dormiu minha princesa?””Aiii, que sortuda...uhuuu”. Te ligou à uma e perguntou se topava ir a um churras com ele, mas você já devorava sua super mega salada pós balada e disse que não. “Ai que burra.” Mas ele nem desligou e disse que te ligaria mais tarde pra ver se rolava filminho e bar a noite.

Lembra que, depois disso, você desligou o celular e até pensou: “que fofo, mas realmente preciso dormir hoje.” No fim do terceiro dia, fingiu tristeza e disse: “ai, porque não aparece ninguém legal par mim?”. Afinal, você só não respondeu as mil mensagens açucaradas diárias porque estava, realmente, muito ocupada. É, porque tempo mesmo você só teve pro Rafa,  com quem trocou números de celular mas que não conseguia encontrar o aparelho dele pra te dar um oizinho depois de uma balada mais animadinha na sexta à noite. Incrível como ele ficava esquecinho no sábado e domingo e se lembrava de você na terça à noite, quando queria ... colocar a relação de vocês em...hm, ordem. “Um fofo”? Não, "um Gato!"

Às vezes me pergunto se nos empolgamos pela paixão ou apenas pela possibilidade dela acontecer. Seria o concreto acessível demais e, por isso, desinteressante? Sejamos francas. Quando vemos nossas amigas reclamando da solidão, sempre nos pegamos dizendo algo do tipo: “Mas quando o Jacaré te ligou, você não atendeu." Ou “Por que terminou com o Thião? Só porque pegava no seu pé e queria te ver todo dia?”

E aí, as justificativas eram sempre bem argumentativas e fundadas:

“A gente não tinha muito em comum.”

“A irmã dele ficava ligando o tempo todo.”

“Ele nem sabia quem era a Amy.”

“A mãe dele mandava pão de queijo demais. Eu estava engordando.”

E, a top hit, “ele é grudento e bonzinho demais” que, na verdade, poderia substituir todas as outras facilmente, sem alterar o sentido.

 Assim, pergunte-se o que realmente procura, antes de destruir o coração de um bonzinho cheio de boa intenção.

Hahahaha... tá bom vai, essa foi boa. Quase te convenci.

2.11.11

Right here. Right now.

E foi assim que resolvi voltar. Depois de 11 meses de mudança, amigos pacientes, dois empregos diferentes, um analista brasiliense, rapazes que nunca são daqui e muita, muita saudade daquela vida. Da comida, da dança, do trabalho, dos rapazes, da chefe, dos colegas, dos vizinhos, do Centro e da Mãe de Santo. Da Wal e do Peroba – que fofo o Peroba. Do povo. Aaah, as pessoas que deixei por lá.

E,  mesmo sem querer mais fazer desse espaço uma pedra de confissão e divisão de segredos, sei que voltei porque, faz tempo, venho sentindo uma vontade enlouquecedora de admitir que sou, sim, FELIZ nesse lugar. Dizer que olho no espelho e vejo um brilho que reflete o quanto uma decisão ‘errada’ me mudou e o quanto mando cada vez mais nas conseqüências disso. Controlando ou completamente descontrolando meus atos assim, tipo só eu mesma.
Plantando e colhendo. Celebrando e me ferrando. Mudando.

Sempre ouvi dizer que a vida real era assim e, de repente, aqui estou eu, em todo gozo de minhas dúvidas e “certas incertezas”... Vivendo.

É estranhamente delicioso o simples dormir e acordar. Sem pensar. Café , banho, MENINO e trabalho, contas. Casa, balada, pessoas, trânsito – rsrsrs pois é, por aqui também tem.
Vejo o analista rir de mim. Divertido, pior.

E é  isso. É com isso que me preocupo. Trabalhar pra pagar. Pagar pra usar. Usar pra ARRASAR. E estou até aprendendo a guardar.

Choro, fico P da vida, grito sim. Claro. Você não?

Dou risada, faço burrada, fico embaraçada. Você?

Paquero, abro caminho, dou uma mancada...hahaha....

Sou EU, gente!

Eu cheia de novos planos. Pra amanhã, que sejam. Não vou transformar minha vida de um dia para o outro. Mas O AGORA terá, SIM Senhoras e Senhores, que ser MUITO BOM.