22.9.10

booooom




Como pode estar tão vazia uma cabeça cheia de tormentos, angústias, idéias, planos e projetos. Será que deveria chamar de ... ... ... tá vendo? Perdi a palavra ... ... ... alienada ... é isso, alienada ao invés de vazia?

Tentar escrever e nada sair enquanto não há paz de tanto se pensar e planejar mil coisas, como se o futuro dependesse total e completamente – sinônimos? , desse exato momento ... de AGORA.

É um vazio que enche e empanturra a ponto de fazer explodir e botar pra fora o mundo de insatisfações que cutucam e fazem ver o quanto há sim o que se mudar.

Quer saber, acho que o que faz estourar é saber que, ou melhor, é o não saber o porquê de se deixar que acreditem nessa fragilidade, carência e dependência de contos de fadas que se tirou sabe-se lá de onde.

O Rosa. É isso que o rosa faz com as pessoas. O nude, como disse a Queen da Macy’s. Olhou e rotulou na hora. Acertou em cheio. A cor é a minha. O resto é balela.

20.9.10

He's my thing...


Matropolitan Museum of Art, NY


O caipira picando fumo, Almeida Júnior, 1893


O Violeiro, Almeida Júnior, 1899

“Mamãe, não parece um museu? Parece a Pinacoteca. Pra mim parece. O que tem lá? Ué? Tem a Fonte das Nanás. Dá pra ver é? Na internet? Isso. É essa mesma. Ah, tem O Brasileiro. Olha só, O Caipira picano fumo (coloca uma letra maior, mãe). Ah, vamos ver se a gente acha O Violeiro. Alô, Pai. É. A Fonte das Nanás, O Brasileiro, O Violeiro, O Caipira picano fumo. Não, nunca vi um. Seu tio? É mesmo? Puxa. Beijo. Te amo. O que é texto? Blog? Mas esse vai escrever comigo? Ebaaaaa. Textoooooo.”

É... ta na hora de acordar e cair na real. Já deu. Shame on me!

7.9.10

Madness



Tinha pavor à mussarela de búfala e carpaccio. Nunca via graça em laços cor de rosa. Os livros do segundo grau ‘tinham que ser lidos’ e não havia muito que se fazer a respeito. Dançava ‘axé’ e passava batom e só. Usava muito perfume não. Seria diplomata e me casaria depois dos 30. Achava que casamento fosse coisa que durasse pra sempre. Bebida era vinho tinto e suave e pouco. Pessoas eram verdadeiras e do bem. Filhos deveriam ser muitos para encher uma casa... Imagina isso. Morreria ao lado do meu primeiro amado e seríamos velhinhos lindos. Cachorro? Só da porta pra fora e sem pular demais. Amigas tinham que estar aqui to be really there for me. Saltos doíam e brincos machucavam muito. Nossa como era carente e dependente. Fraquinha e medrosa. Sucesso só com uma mão a mais. Estar só era algo a se temer e evitar a qualquer custo e, pior, a daminha era simplesmente a menininha Linda que um dia deixaria de me olhar com olhos de admiração e não mais precisaria contar comigo ... HÃ???

5.9.10

É buniTinho




Adoro línguas. Idiomas, dialetos, regionalismos, sotaques. Adoro linguagem. Corporal, escrita, falada. Adoro gente. Negros, brancos, amarelos, altos, baixos, bem ou mal humorados.

Fico absurdamente fascinada com a variedade da cultura lingüística brasileira. Brasiliense de nascença, relaciono-me muito com nordestinos, mineiros, e com o povo do sul do Brasil. Hoje, morando em São Paulo já há cerca de 7 anos - já?- é encantador observar toda a salada que ouço e leio e como e visto. É lindo de se ver e ouvir e comer e vestir.

Acontece que acredito que um pouco desse fascínio esteja ligado à minha profissão, ao amor pelas letras que, não se engane, eu não domino. Na verdade, quando paro para observar a reação das pessoas a essa mistura, sinto mais o fervor do preconceito lingüístico do que o da admiração.

Por que não adorarmos o fato de que a cultura Brasileira tão rica é devida, também, a essa variedade de diferentes registros?

Gargalho prazerosamente por dentro ao ouvir o ‘r’ do mineiro lutando contra o do paulistano ou do paulista de Piracicaba ou de São José, todos diferentes uns dos outros e igualmente únicos. Delícia igual é saber que o pão de sal de Brasília é tão saboroso quanto o cacetinho de Riachão do Jacuípe, na Bahia.

O leiTE quenTE do sul do país pode ser servido pela TITIa de Natal e continuar igualmente saboroso, enquanto o Paulistano não vai rodar por aí sem a CNH, não importa se carta ou carteira.

Então, não mais façamos cara feia. É tudo assim, ‘buniTinho’, como dizem os piracicabanos.

Broken




Há algo com o que devo concordar antes de começar esse texto: o álcool funciona sim como uma ferramenta ‘amiga’ na hora de encarar o mundo real e os desconhecidos. Digo isso porque não posso prosseguir aqui sem antes deixar claro que euzinha estou incluída na lista dos culpados, ou talvez melhor chamar de vítimas. É claro que há níveis diferentes tanto para a necessidade quanto para o efeito da bebida.

Mal comecei o texto e acho que ele está soando chato. Não se trata de dar lição de moral ou qualquer coisa parecida. É que é assustadora a quantidade de pessoas próximas que vejo alteradas e perdidas com o efeito do álcool.

Modéstia à parte, costumo selecionar bem as pessoas com quem me relaciono. Amigos e affairs são, em geral, pessoas do bem e, muito além disso, cabeções, como costumo chamá-los sem que saibam. E daí, presenciar a alteração dessas pessoas após uns bons copos de qualquer coisa que pareça uma salvação é, no mínimo, lamentável, para não dizer revoltante.

É egoísta até a forma através da qual encaro tudo isso, mas é que tudo o que mais admiro nas pessoas parece simplesmente desaparecer com um ‘porre’. Seu brilho, genialidade, a companhia prazerosa. Tudo pro ralo.

Um copo, 2, 3 e perde-se a conta. Que poder é esse que nos invade e ao mesmo tempo nos devora as forças, tornando-nos, por vezes, os bobões da noite, o motivo da risada do dia seguinte?

Mais uma vez, afirmo fazer parte dos aqui descritos, apesar de saber até aonde o comprometimento da minha ‘sanidade’ vai, e de saber, pelo menos ainda, quando parar.

É que é muita gente boa ‘indo pro ralo’.