5.9.10

É buniTinho




Adoro línguas. Idiomas, dialetos, regionalismos, sotaques. Adoro linguagem. Corporal, escrita, falada. Adoro gente. Negros, brancos, amarelos, altos, baixos, bem ou mal humorados.

Fico absurdamente fascinada com a variedade da cultura lingüística brasileira. Brasiliense de nascença, relaciono-me muito com nordestinos, mineiros, e com o povo do sul do Brasil. Hoje, morando em São Paulo já há cerca de 7 anos - já?- é encantador observar toda a salada que ouço e leio e como e visto. É lindo de se ver e ouvir e comer e vestir.

Acontece que acredito que um pouco desse fascínio esteja ligado à minha profissão, ao amor pelas letras que, não se engane, eu não domino. Na verdade, quando paro para observar a reação das pessoas a essa mistura, sinto mais o fervor do preconceito lingüístico do que o da admiração.

Por que não adorarmos o fato de que a cultura Brasileira tão rica é devida, também, a essa variedade de diferentes registros?

Gargalho prazerosamente por dentro ao ouvir o ‘r’ do mineiro lutando contra o do paulistano ou do paulista de Piracicaba ou de São José, todos diferentes uns dos outros e igualmente únicos. Delícia igual é saber que o pão de sal de Brasília é tão saboroso quanto o cacetinho de Riachão do Jacuípe, na Bahia.

O leiTE quenTE do sul do país pode ser servido pela TITIa de Natal e continuar igualmente saboroso, enquanto o Paulistano não vai rodar por aí sem a CNH, não importa se carta ou carteira.

Então, não mais façamos cara feia. É tudo assim, ‘buniTinho’, como dizem os piracicabanos.

Nenhum comentário: