16.11.10

Cada Macaco na sua Toca



Camaleão saiu do buraco e viu a Arara rondando o formigueiro da D. Aranha que, por sua vez, o olho não tirava da casinha da Cobra de estimação do dono do Rancho, bom Surfista que era. Acolá na frente, corria a Tartaruga, brava e arredia, revoltada com o Chimpanzé que folia não admitia e só dormir queria. A Preguiça suava e sorria, sempre atrás dos filhotes da Gata, que saltavam na grama entre um mergulho e outro na lama que poça virava na porta da coxia. Ursos, Pingüins, Leões e Enguias...tudo era festa naquele galinheiro, uma porcaria. A Girafa gritava e as Cigarras colhiam, cortavam, guardavam, enquanto as Formigas eram vistas aos montes, caídas, entregues ao cansaço de tal anarquia.
E quanto a mim, entregue a minha habitual conformidade das coisas, à apática falta de ansiedade e excitação para coisa alguma, ali a tudo assistia, sem a menor intenção de dar-me, sem o menor desejo ou euforia.

12.11.10

garotos




Que perseguem e levam broncas. Que brincam e brigam e tomam carrinhos e trocam carinhos. Choram, competem, ganham, perdem, esperneiam.
Perseguem e comem escondido. Recusam-se a comer e se escondem. Rabiscam, cortam, colam e grudam e melam e banham e choram.
Perseguem e cabulam. Enganam e se viram. E fingem e conquistam e enganam. Safam-se. Nem choram e nem se escondem.
Perseguem. Esforçam-se. Conquistam. Desistem. Quem chora?

5.11.10

Deixando a Vila




Contornando a Vila hoje à noite, enquanto dirigia para um jantar com amigos, tive uma bela vista dos prédios que hoje abraçam o Bairro em que moro em Sampa. Muitas luzes. Infinitas. Quase tacando o céu, como todas as outras por aqui. O som tocava BB king e o Caménère estava no colo do carona, enquanto os arranha-céus, que tanto de minha estória viveram, observavam o movimento tranqüilo do carro, tímido ao sentir-se observado pelos donos da avenida. Senti desde aquele momento um “quezinho” de nostalgia. Saudade da época em que não me preocupava em pensar se teria tudo isso aqui para sempre. E mais a antecipação do que será sentir falta de tudo que ficará por aqui e que me fará voltar tantas e tantas vezes. Pessoas, lugares, comidinhas....o café pós-balada. Que Capital é aquela que me fará ir pra casa tomar capuccino na chaise? Comer cachorro-quente com molho. Delícia.

22.10.10

Coisa boa



Dá um frio na barriga saber que ao abrir dos olhos a vista será outra. As fronhas terão outro perfume, o ar mais puro convidará à janela e o verde será muito mais exibido que o cinza. O sol baterá mais forte, pois o céu é aberto e muito, mas muito mais azul. Os abraços são antigos mais sentirão como novos. Os sorrisos serão largos por terem experimentado a distância, a saudade e, ao mesmo tempo, o reforçar dos laços. O paladar será mais crítico e diferentemente desafiado. As noites serão mais curtas e, talvez, mais tranqüilas, de início ao menos. Novos olhares, antigos lugares. Doces sabores, ridículos desamores. Ah, como já fomos bestas um dia. Eu já fui. Delícia apresentar-lhe, o que um dia foi o meu tudo e que hoje é um pedaço do que sou. Pedacinho de história. Pedacinho bom. Saudadinha. To indo. Coisa boa.

10.10.10

Puzzled




É que onde há rotina e segurança e amigos também há o vazio. Um vazio que não parece encher-se nem com suor do amor ao que trás satisfação, sucesso e sustento, nem com o prazer de ser desejada e ter o controle dos sentimentos seus ... e do outro. E de outros.

É que onde há a paz de quem te ama e te quer e te abriga e te cuida e te protege há também o vazio de se estar perdido em meio a um mundo a que não se pertence e com o qual em nada se identifica. É sentir-se perdida quando se está nos braços que te querem cuidar.

É que onde há a paz de quem se ama e muito amou e de quem ainda se quer bem há também o vazio da busca por saber se vale a pena a auto-anulação por alguém que nem se quer sabe que carrega tamanha responsabilidade pela infelicidade de seu grande amor.

É que onde há a sua paz e busca pela felicidade e auto-afirmação e conhecimento haverá também a paz daqueles que te amam e respeitam as tuas escolhas.

2.10.10

What to do when trouble feels so good? Ummm... Guess it's just too late....

1.10.10

Fraca?




Acho uma graça o Romantismo que algumas pessoas ainda conseguem carregar e em que tanto acreditam. Não que eu não goste de mimos, da atenção, do estar junto e curtir o simples fazer nada ali parados no sofá. Just for the sake of it. Ou que, às vezes, não deseje ter novamente alguém pra quem voltar no fim do dia, alguém que vai reclamar de problemas, me pedir opinião, querer ficar só, pedir pra me abraçar em silêncio enquanto me cheira o cabelo e tenta não pensar nos problemas da empresa. Mas é diferente. Ouço as pessoas falarem de seus relacionamentos ‘perfeitos’ em que as compras são feitas juntas, os cortinas foram escolhidas pelos dois e o cachorro foi um consenso. Os dois curtem os mesmos programas e ele simplesmente não se importa em acompanhá-la a programas com as amigas. Mesmo que seja algo como o Tour do Sex and The City em NY, em que eu e a Má ficamos boquiabertas com a quantidade de maridos acompanhantes e participativos no evento. É claro que a ingenuidade não me invade a ponto de acreditar que esses contos de chás da tarde sejam verdade. O que realmente me intriga é o fato de que é isso o que parece mover essas pessoas na busca por motivos para ‘’se estar junto’’. Quando eu disse “uma graça” no começo desse texto, eu realmente quis dizer cute. Acredita-se realmente que abrir mão de quem eu sou pra te fazer feliz é romântico. Deixar meus sonhos de lado para viver os seus te prova o quanto eu te amo e o quanto sou capaz de fazer por você? Cabecinha ruim a minha...achei que fosse fraqueza...mas quem sou eu? ...louca pra fraquejar... rs

22.9.10

booooom




Como pode estar tão vazia uma cabeça cheia de tormentos, angústias, idéias, planos e projetos. Será que deveria chamar de ... ... ... tá vendo? Perdi a palavra ... ... ... alienada ... é isso, alienada ao invés de vazia?

Tentar escrever e nada sair enquanto não há paz de tanto se pensar e planejar mil coisas, como se o futuro dependesse total e completamente – sinônimos? , desse exato momento ... de AGORA.

É um vazio que enche e empanturra a ponto de fazer explodir e botar pra fora o mundo de insatisfações que cutucam e fazem ver o quanto há sim o que se mudar.

Quer saber, acho que o que faz estourar é saber que, ou melhor, é o não saber o porquê de se deixar que acreditem nessa fragilidade, carência e dependência de contos de fadas que se tirou sabe-se lá de onde.

O Rosa. É isso que o rosa faz com as pessoas. O nude, como disse a Queen da Macy’s. Olhou e rotulou na hora. Acertou em cheio. A cor é a minha. O resto é balela.

20.9.10

He's my thing...


Matropolitan Museum of Art, NY


O caipira picando fumo, Almeida Júnior, 1893


O Violeiro, Almeida Júnior, 1899

“Mamãe, não parece um museu? Parece a Pinacoteca. Pra mim parece. O que tem lá? Ué? Tem a Fonte das Nanás. Dá pra ver é? Na internet? Isso. É essa mesma. Ah, tem O Brasileiro. Olha só, O Caipira picano fumo (coloca uma letra maior, mãe). Ah, vamos ver se a gente acha O Violeiro. Alô, Pai. É. A Fonte das Nanás, O Brasileiro, O Violeiro, O Caipira picano fumo. Não, nunca vi um. Seu tio? É mesmo? Puxa. Beijo. Te amo. O que é texto? Blog? Mas esse vai escrever comigo? Ebaaaaa. Textoooooo.”

É... ta na hora de acordar e cair na real. Já deu. Shame on me!

7.9.10

Madness



Tinha pavor à mussarela de búfala e carpaccio. Nunca via graça em laços cor de rosa. Os livros do segundo grau ‘tinham que ser lidos’ e não havia muito que se fazer a respeito. Dançava ‘axé’ e passava batom e só. Usava muito perfume não. Seria diplomata e me casaria depois dos 30. Achava que casamento fosse coisa que durasse pra sempre. Bebida era vinho tinto e suave e pouco. Pessoas eram verdadeiras e do bem. Filhos deveriam ser muitos para encher uma casa... Imagina isso. Morreria ao lado do meu primeiro amado e seríamos velhinhos lindos. Cachorro? Só da porta pra fora e sem pular demais. Amigas tinham que estar aqui to be really there for me. Saltos doíam e brincos machucavam muito. Nossa como era carente e dependente. Fraquinha e medrosa. Sucesso só com uma mão a mais. Estar só era algo a se temer e evitar a qualquer custo e, pior, a daminha era simplesmente a menininha Linda que um dia deixaria de me olhar com olhos de admiração e não mais precisaria contar comigo ... HÃ???