22.10.10

Coisa boa



Dá um frio na barriga saber que ao abrir dos olhos a vista será outra. As fronhas terão outro perfume, o ar mais puro convidará à janela e o verde será muito mais exibido que o cinza. O sol baterá mais forte, pois o céu é aberto e muito, mas muito mais azul. Os abraços são antigos mais sentirão como novos. Os sorrisos serão largos por terem experimentado a distância, a saudade e, ao mesmo tempo, o reforçar dos laços. O paladar será mais crítico e diferentemente desafiado. As noites serão mais curtas e, talvez, mais tranqüilas, de início ao menos. Novos olhares, antigos lugares. Doces sabores, ridículos desamores. Ah, como já fomos bestas um dia. Eu já fui. Delícia apresentar-lhe, o que um dia foi o meu tudo e que hoje é um pedaço do que sou. Pedacinho de história. Pedacinho bom. Saudadinha. To indo. Coisa boa.

10.10.10

Puzzled




É que onde há rotina e segurança e amigos também há o vazio. Um vazio que não parece encher-se nem com suor do amor ao que trás satisfação, sucesso e sustento, nem com o prazer de ser desejada e ter o controle dos sentimentos seus ... e do outro. E de outros.

É que onde há a paz de quem te ama e te quer e te abriga e te cuida e te protege há também o vazio de se estar perdido em meio a um mundo a que não se pertence e com o qual em nada se identifica. É sentir-se perdida quando se está nos braços que te querem cuidar.

É que onde há a paz de quem se ama e muito amou e de quem ainda se quer bem há também o vazio da busca por saber se vale a pena a auto-anulação por alguém que nem se quer sabe que carrega tamanha responsabilidade pela infelicidade de seu grande amor.

É que onde há a sua paz e busca pela felicidade e auto-afirmação e conhecimento haverá também a paz daqueles que te amam e respeitam as tuas escolhas.

2.10.10

What to do when trouble feels so good? Ummm... Guess it's just too late....

1.10.10

Fraca?




Acho uma graça o Romantismo que algumas pessoas ainda conseguem carregar e em que tanto acreditam. Não que eu não goste de mimos, da atenção, do estar junto e curtir o simples fazer nada ali parados no sofá. Just for the sake of it. Ou que, às vezes, não deseje ter novamente alguém pra quem voltar no fim do dia, alguém que vai reclamar de problemas, me pedir opinião, querer ficar só, pedir pra me abraçar em silêncio enquanto me cheira o cabelo e tenta não pensar nos problemas da empresa. Mas é diferente. Ouço as pessoas falarem de seus relacionamentos ‘perfeitos’ em que as compras são feitas juntas, os cortinas foram escolhidas pelos dois e o cachorro foi um consenso. Os dois curtem os mesmos programas e ele simplesmente não se importa em acompanhá-la a programas com as amigas. Mesmo que seja algo como o Tour do Sex and The City em NY, em que eu e a Má ficamos boquiabertas com a quantidade de maridos acompanhantes e participativos no evento. É claro que a ingenuidade não me invade a ponto de acreditar que esses contos de chás da tarde sejam verdade. O que realmente me intriga é o fato de que é isso o que parece mover essas pessoas na busca por motivos para ‘’se estar junto’’. Quando eu disse “uma graça” no começo desse texto, eu realmente quis dizer cute. Acredita-se realmente que abrir mão de quem eu sou pra te fazer feliz é romântico. Deixar meus sonhos de lado para viver os seus te prova o quanto eu te amo e o quanto sou capaz de fazer por você? Cabecinha ruim a minha...achei que fosse fraqueza...mas quem sou eu? ...louca pra fraquejar... rs

22.9.10

booooom




Como pode estar tão vazia uma cabeça cheia de tormentos, angústias, idéias, planos e projetos. Será que deveria chamar de ... ... ... tá vendo? Perdi a palavra ... ... ... alienada ... é isso, alienada ao invés de vazia?

Tentar escrever e nada sair enquanto não há paz de tanto se pensar e planejar mil coisas, como se o futuro dependesse total e completamente – sinônimos? , desse exato momento ... de AGORA.

É um vazio que enche e empanturra a ponto de fazer explodir e botar pra fora o mundo de insatisfações que cutucam e fazem ver o quanto há sim o que se mudar.

Quer saber, acho que o que faz estourar é saber que, ou melhor, é o não saber o porquê de se deixar que acreditem nessa fragilidade, carência e dependência de contos de fadas que se tirou sabe-se lá de onde.

O Rosa. É isso que o rosa faz com as pessoas. O nude, como disse a Queen da Macy’s. Olhou e rotulou na hora. Acertou em cheio. A cor é a minha. O resto é balela.

20.9.10

He's my thing...


Matropolitan Museum of Art, NY


O caipira picando fumo, Almeida Júnior, 1893


O Violeiro, Almeida Júnior, 1899

“Mamãe, não parece um museu? Parece a Pinacoteca. Pra mim parece. O que tem lá? Ué? Tem a Fonte das Nanás. Dá pra ver é? Na internet? Isso. É essa mesma. Ah, tem O Brasileiro. Olha só, O Caipira picano fumo (coloca uma letra maior, mãe). Ah, vamos ver se a gente acha O Violeiro. Alô, Pai. É. A Fonte das Nanás, O Brasileiro, O Violeiro, O Caipira picano fumo. Não, nunca vi um. Seu tio? É mesmo? Puxa. Beijo. Te amo. O que é texto? Blog? Mas esse vai escrever comigo? Ebaaaaa. Textoooooo.”

É... ta na hora de acordar e cair na real. Já deu. Shame on me!

7.9.10

Madness



Tinha pavor à mussarela de búfala e carpaccio. Nunca via graça em laços cor de rosa. Os livros do segundo grau ‘tinham que ser lidos’ e não havia muito que se fazer a respeito. Dançava ‘axé’ e passava batom e só. Usava muito perfume não. Seria diplomata e me casaria depois dos 30. Achava que casamento fosse coisa que durasse pra sempre. Bebida era vinho tinto e suave e pouco. Pessoas eram verdadeiras e do bem. Filhos deveriam ser muitos para encher uma casa... Imagina isso. Morreria ao lado do meu primeiro amado e seríamos velhinhos lindos. Cachorro? Só da porta pra fora e sem pular demais. Amigas tinham que estar aqui to be really there for me. Saltos doíam e brincos machucavam muito. Nossa como era carente e dependente. Fraquinha e medrosa. Sucesso só com uma mão a mais. Estar só era algo a se temer e evitar a qualquer custo e, pior, a daminha era simplesmente a menininha Linda que um dia deixaria de me olhar com olhos de admiração e não mais precisaria contar comigo ... HÃ???

5.9.10

É buniTinho




Adoro línguas. Idiomas, dialetos, regionalismos, sotaques. Adoro linguagem. Corporal, escrita, falada. Adoro gente. Negros, brancos, amarelos, altos, baixos, bem ou mal humorados.

Fico absurdamente fascinada com a variedade da cultura lingüística brasileira. Brasiliense de nascença, relaciono-me muito com nordestinos, mineiros, e com o povo do sul do Brasil. Hoje, morando em São Paulo já há cerca de 7 anos - já?- é encantador observar toda a salada que ouço e leio e como e visto. É lindo de se ver e ouvir e comer e vestir.

Acontece que acredito que um pouco desse fascínio esteja ligado à minha profissão, ao amor pelas letras que, não se engane, eu não domino. Na verdade, quando paro para observar a reação das pessoas a essa mistura, sinto mais o fervor do preconceito lingüístico do que o da admiração.

Por que não adorarmos o fato de que a cultura Brasileira tão rica é devida, também, a essa variedade de diferentes registros?

Gargalho prazerosamente por dentro ao ouvir o ‘r’ do mineiro lutando contra o do paulistano ou do paulista de Piracicaba ou de São José, todos diferentes uns dos outros e igualmente únicos. Delícia igual é saber que o pão de sal de Brasília é tão saboroso quanto o cacetinho de Riachão do Jacuípe, na Bahia.

O leiTE quenTE do sul do país pode ser servido pela TITIa de Natal e continuar igualmente saboroso, enquanto o Paulistano não vai rodar por aí sem a CNH, não importa se carta ou carteira.

Então, não mais façamos cara feia. É tudo assim, ‘buniTinho’, como dizem os piracicabanos.

Broken




Há algo com o que devo concordar antes de começar esse texto: o álcool funciona sim como uma ferramenta ‘amiga’ na hora de encarar o mundo real e os desconhecidos. Digo isso porque não posso prosseguir aqui sem antes deixar claro que euzinha estou incluída na lista dos culpados, ou talvez melhor chamar de vítimas. É claro que há níveis diferentes tanto para a necessidade quanto para o efeito da bebida.

Mal comecei o texto e acho que ele está soando chato. Não se trata de dar lição de moral ou qualquer coisa parecida. É que é assustadora a quantidade de pessoas próximas que vejo alteradas e perdidas com o efeito do álcool.

Modéstia à parte, costumo selecionar bem as pessoas com quem me relaciono. Amigos e affairs são, em geral, pessoas do bem e, muito além disso, cabeções, como costumo chamá-los sem que saibam. E daí, presenciar a alteração dessas pessoas após uns bons copos de qualquer coisa que pareça uma salvação é, no mínimo, lamentável, para não dizer revoltante.

É egoísta até a forma através da qual encaro tudo isso, mas é que tudo o que mais admiro nas pessoas parece simplesmente desaparecer com um ‘porre’. Seu brilho, genialidade, a companhia prazerosa. Tudo pro ralo.

Um copo, 2, 3 e perde-se a conta. Que poder é esse que nos invade e ao mesmo tempo nos devora as forças, tornando-nos, por vezes, os bobões da noite, o motivo da risada do dia seguinte?

Mais uma vez, afirmo fazer parte dos aqui descritos, apesar de saber até aonde o comprometimento da minha ‘sanidade’ vai, e de saber, pelo menos ainda, quando parar.

É que é muita gente boa ‘indo pro ralo’.

24.8.10

Mirror





When it comes to love, the question that has been driving me completely nuts does sound cliché, although no one has ever been able to satisfactorily answer it. How much does one need to love themselves in order to have others love them? Or, how much do we need to love ourselves in order to be ready to let ourselves be loved by somebody else? “I do love myself”, one may say. But what does that really mean? Does it mean that you love who and what you are despite all the flaws that only mom is able to put up with? That’s easy. That’s what moms are for. Do you think you love yourself because nobody is able to talk you down and, even if they do, you won’t feel affected by that? That’s disguised low self esteem. Sorry. Do you wear the best clothes and the most modern lotions and clays? Spend a lot of money and time on treatments and fitness programs? Are you what you eat? Are you good stuff, then? When did you last spend some quality time with a good friend doing nothing but enjoying being there? How much do you spend on good reading? Money and/ or time? What was the last book you read? How much did it touch you? I mean, has it? When did you last undergo a health checkup? Did you follow your doctor’s advice and prescription? Still do? Look at the mirror now. Like what you see? Call 5 friends now. I mean, real ones. You have 5 of them, right? Ask them how they think you face your real life, success and flaws. Have the guts for that? …………. Hmmm……. didn’t convince me. Anyway, you love yourself….I’m sure you do.